quarta-feira, 17 de junho de 2009

Sufoco...

Aiaiaiai... Quanta coisa pra fazer, tão pouco tempo, tanta rotina, tanto sim, tanto não, tanto estudo, tanta nota baixa, tanto prof fdp...Quantos males, quanta fome, quanto ódio, quanta dor, quanto custa?...Quando é? Quando foi?Quando vai ser ??Quando ia ser??...

Poema!!


Réquiem

Já foi aurora, foi manhã e foi tarde, agora é crepúsculo, e o homem que assistiu a tudo e não semeou bem está cheio de desespero diante da noite próxima. O homem que só encontrou tempo para se encher de dinheiro e de egoísmo.
Nas candeias do pensamento, queima o óleo do pessimismo devorante e da angústia assassina, usa melancolia no coração inquieto e em torno de si só descobre amargura. Porque não fez amigos nem entre os seus mais seus.
À mesa sentou sozinho porque não interessava a comunicação, mas a gula. E no banquete não confraternizou, mas se satisfez. E ignorou a companhia mais próxima.
À fonte dos desejos compareceu ávido e assíduo, mas cedo a avareza lhe quebrou o encanto, como cântaro da lenda.
Enquanto era sol, não semeou amor e colhe arrependimento. Não cultivou amizade e recolhe desprezo. Não praticou a bondade, nem conheceu a beleza. Foi superficial em tudo, menos no amealhar.
Onde as boas memórias deveriam florir para aquecer seu inferno, só encontra remorso.
Consulta o céu e não enxerga estrelas. Procura a lua cheia e é quarto minguante. Indaga da luz e só recebe a resposta da sombra. Busca o verde e descobre cinza. E, no canteiro de cardos que não foram plantados, nasceu um pé de Solidão junto dum pé de Tristeza.
Aí começa o drama.
Carente de ternura, com lábios queimados de todas as taças, a boca lembrada de muitas bocas, as mãos vazias, o coração enfermo, olha em torno e só encontra uma réplica negativa, uma voz que vem de dentro de si mesmo, na terrível tomada de consciência, que é antes uma profunda auto-acusação retardatária.
Quer voltar, não pode; o tempo impiedoso é irreversível e marcha sempre. Ninguém lhe pode impedir a caminhada ameaçadora dentro da escuridão. Traz no bojo um monstro que se chama medo e que vai ser solto pela boca da noite e vai crescer pelas horas mortas da madrugada.
Na distribuição de sentimentos entre os que o cercam como numa festa de prendas, nem ódio mereceu. Só indiferença. Na hora da classificação, foi esquecido. Porque no instante da decisão omitiu-se. Na hora da escolha, falhou. No momento da palavra solitária, silenciou. Na vez do gesto de ajuda, a mão encolheu.
Nas bodas, foi o Egoísta; na família o Indesejado; nas ocasiões generosas da filantropia o Grande Ausente; nos festejos do congraçamento nacional, o Apátrida.
O homem é o espectro do homem.
A mulher que não suportou a opressão, a vileza e a miséria, partiu.
Os filhos desgarraram, não encontraram o caminho de volta, enjoado e temeroso. Esperam aflitos os momentos da participação.
Amigos não aparecem.
Sozinho, sem mulher, sem filhos, sem amigos, cantar já não sabe, orar nunca soube, ajudar nunca pôde. E a língua que recriminava fácil, que era rápida na acusação e fluente no ataque, está muda. A mão que era leve na punição injusta está impotente. Os olhos indiscretos que humilhavam estão cegos. No abraço egoísta, perdeu o calor do seu próprio corpo. A antiga força é uma sombra vã.
Não ouve, não vê, não fala, não anda.
Aprendeu a chora, nesta hora do sol posto. Sentado numa arca abarrotada, aguarda a noite que se aproxima com seu cortejo de pavores, carregada de desespero.

Milton Dias


entenda que a vida é só uma, não adianta fazer tudo e não viver nada....

3 comentários:

  1. Dah um tempo, respira fundo, conta até dez e recomeçe... Correr não adiante
    Beijos, te adoro, meu brother.

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  2. Dah um tempo, respira fundo, conta até dez e recomeçe... Correr não adiante [ ok correr as vezes adianta sim viu deah ??!]

    bem é isso, temos tempo pra tudo. mesmo que isso não seja aparente.

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  3. ' Não há cura para o nascer e o morrer, a não ser saborear o intervalo. '

    Saboreie o intervalo! ;)

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